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“Kennedy passou dois dias na Área 51. Quando voltou era uma outra pessoa”.

– Eugene Allen

Fort Lauderdale, na Florida, EUA é uma belíssima cidade praiana. Também chamada de “Veneza do Norte” devido aos seus canais, mas é muito mais famosa por ser relacionada à família Kennedy, pois era seu refúgio para o descanso.

Quando estive nos EUA em 2008, aproveitei para visitá-la. Como um de turista de carteirinha fui à casa dos Kennedy. Eu e minha esposa compramos um city tour pela cidade. Rodamos num ônibus panorâmico por mais de 3 horas até chegarmos ao nosso destino. A casa é linda. Nada de riqueza, mas simplesmente simples e aconchegante.

Enquanto nosso guia, que falava quatro idiomas, inclusive o português, discorria sobre a casa, comentei com minha esposa: “amor, aqui o Kennedy deve ter refletido muito sobre tudo aquilo que ele ficou sabendo sobre os alienígenas”. Rimos um pouco e continuamos a ouvir atentamente nosso guia.

Quando chegamos ao hotel, Mark, o motorista do ônibus, olhou para mim e me perguntou: o senhor quer falar sobre Kennedy e os alienígenas? ”, respondi sim com a cabeça. ‘O senhor tem de falar com Eugene Allen. Ele sabe tudo’.

“Como assim, ele sabe tudo? ”, perguntei.

“Ele foi o empregado de vários presidentes e tinha a confiança dos Kennedy. Hoje ele deve ter uns 80 e poucos anos, mas está mais lúcido que muitos de nós. Se você quiser posso levá-lo até ele. Tenho certeza de que Eugene poderá lhe dizer muitas coisas”. Meus olhos brilharam; e minha esposa sabia o que significava isso. Resultado: ela foi fazer compras e eu fui conhecer o tal mordomo.

Chegamos a um bairro muito bonito, construído as margens de um canal. A casa número 32 era toda branca. A bandeira dos EUA balançava suavemente presa a um pequeno mastro ao lado da porta de entrada.

Mark tocou a campainha e surgiu lá de dentro senhor mulato, não gordo, mas com uma “barrigona de chopp”. Aparentava ter seus 80 e tantos anos, mas transparecia ter boa saúde.

“Sr. Allen, queria lhe apresentar o Sr. Thiago. Ele é brasileiro em visita ao nosso país e queria muito ouvir as suas histórias”.

“Mark, eu só tenho histórias de marcianos para contar. Acho que ele não quer saber disso”, disse rindo.

“Não, sim, quero dizer, Sr. Allen, é sobre isso que quero saber mesmo”, falei afobadamente.

Ele ficou parado por uns segundos me olhando. Para mim parecia uma eternidade. “Bom, então vamos entrar. Tem tanta coisa para você ouvir que em pé não vai aguentar”

Entramos e logo de cara vi uma foto em cima da lareira da casa. Era ele sentado no meio de JFK e da Jackie.

“Foram anos de dedicação aos Kennedy. Desde o início da vida política do Sr. Kennedy até a morte da Sra. Jackie”.

“Sr. Allen, o que presidente sabia sobre os alienígenas? ”, atropelei-o em meio às suas saudosas recordações.

“Thiago, me chame de Eugene, ok? Bem, ele sempre teve um grande interesse sobre esse assunto. Como eu sei disso? Era eu quem comprava as revistas e livros que falavam disso. Por diversas vezes o ouvi conversar com políticos e generais sobre discos voadores e extraterrestres. Ele chegou a me perguntar se eu entraria em pânico se soubesse que estamos sendo visitados por ‘homenzinhos verdes’. Eu respondi que não, e ele então disse: “Viu, eu já disse isso para meus generais, mas eles não acreditam”.

“Sr. Allen, quero dizer, Eugene, dizem que o presidente foi morto porque queria revelar a verdade sobre a presença alienígena na Terra. Isso é verdade? ”

“Thiago, não posso afirmar que isso foi a causa do seu assassinato, mas alguns fatos que fiquei sabendo me causaram estranheza. Cerca de 10 dias antes de sua morte, ele mandou uma carta para o então diretor da CIA pedindo todos os arquivos do ‘desconhecido’ que estavam na agência. Ele acreditava que os casos mais impressionantes deveriam ser pesquisados novamente, juntamente com o FBI e a Força Aérea. Neste memorando ele cita que havia pedido a James Webb, que se tornaria diretor da NASA posteriormente, para que criasse um grupo para a cooperação espacial entre os EUA e a URSS”.

 “Mas como assim, não havia a corrida espacial? Não havia uma disputa entre potências naquela época? ”, questionei. Estávamos no meio da Guerra Fria e do Incidente da Baía dos Porcos. Eram tempos de dúvidas. Seríamos dizimados por armas nucleares? Qualquer faísca seria o suficiente para estourar a Terceira Guerra Mundial.

“Sim, claro que havia. Ali era o capitalismo contra o comunismo, mas na política interesses comuns são tratados de maneira conjunta. O interesse comum ali eram os alienígenas. O presidente sabia que os casos ufológicos eram tão frequentes na URSS quanto nos EUA. Ele queria que os soviéticos soubessem que aqueles objetos voadores não identificados não eram norte-americanos. Que não estávamos sendo hostis”.

“Olha, me desculpe em falar isso, mas para mim é um pouco duvidoso acreditar nisso que o senhor está falando, pois, o senhor, me desculpe de novo, era o mordomo dos Kennedy e não me parece lógico que ele conversasse sobre isso diretamente com você”.

“Mas em algum momento disse que ele falava sobre isso diretamente comigo? ”’

Nesse momento o clima ficou tenso, e o Mark interveio para tentar contornar a situação.

“Thiago, o mordomo de um presidente age como se fosse sua sombra. Ele fica ao lado dele quase que 24 horas. Mas, assim como havia os eunucos nos haréns para cuidar das mulheres do sheik, um mordomo presidencial não fala, não ouve e não olha. Ele apenas serve”.

“Isso mesmo, Mark”, disse Eugene. “Eu estive presente em muitas reuniões com presidentes de outros países, com generais, reis e rainhas. Muitas vezes tirei o jovem John John da sala do pai para que ele pudesse trabalhar. Eu ouvi muita coisa, muitas vezes não a história inteira, mas pedaços delas”.

“Me desculpe, não queria duvidar de sua palavra, mas eu tinha que lhe falar o que eu estava sentindo”, disse. “Mas voltando, então existem rumores que JKF teria ordenado que lhe levasse até a base secreta onde estariam guardados UFOs acidentados e inclusive alienígenas, mas que teriam dito que essa tal base não existia”. 

“Thiago, ele ordenou isso sim. Essa ordem eu ouvi. Eu estava na sala, na hora que ele falou ao telefone com alguém. Mas ele foi sim a essa base, mais conhecida como Área 51. Ele passou dois dias lá. Poucas vezes ele viajou sozinho, sem a Sra. Kennedy. Ele não contou a verdade a ela, pois ela me perguntou se eu sabia a razão daquela viagem. Eu menti, falei que não sabia”.

“Mas o que ele viu lá? ”, perguntei.

  “Isso eu não sei. Mas ele voltou mudado de lá. Voltou com um ar muito mais sério quando o assunto era esse. Parecia mais interessado. Logo que chegou pediu uma reunião com os generais das forças armadas. Esse encontro ocorreu na casa dos Kennedy aqui em Fort Lauderdale”

Antes de prosseguir, Eugene me disse como quem quisesse provar algo, “Só mudando de assunto, eu só moro aqui porque eles me deram essa casa de presente pelos meus serviços. Quando eles saiam de Washington para descansar aqui, sempre me traziam. Como eu gostava muito de praia eu adorava vir”.

“O senhor chegou a ouvir alguma coisa sobre o UFO que caiu em Roswell? ”.

“Nunca, nada. Mas eu ouvi quando um general, acho que seu nome era Thombstone, chegou numa manhã e disse ao presidente que um UFO havia caído no México depois de ter sido derrubado por dois aviões nossos. Ele disse que o exército norte-americano havia entrado em território mexicano de maneira clandestina para resgatar o objeto e os corpos de 2 ou 3 seres, não me lembro”.

“Uau, os EUA invadiram o México para pegar um UFO”, exclamei.

 “Thiago, esse não foi o único caso. Eu sei, e isso eu ouvi de outras pessoas na Casa Branca, que ações como essa foram feitas mais de uma vez”

Após uma pausa disse, “é por isso que eu penso se o assassinato do JFK foi realmente devido ao seu interesse sobre os UFOs”.

“Como eu te disse, isso não posso afirmar. O presidente era uma pessoa muito honesta. Claro que fez algumas besteiras, (com mulheres),                                  mas era um político íntegro e buscava melhorar a vida dos norte-americanos. Se ele tivesse vivido mais, o mundo seria muito melhor”.

Neste momento seus olhos brilharam e se encheram de lágrimas. Foi quando começamos a conversar sobre outras coisas, sobre como era o dia-a-dia na Casa Branca, histórias divertidas e outras nem tanto. Foi um papo muito descontraído e percebi que estava em frente a uma pessoa que esteve no centro na história mundial. Alguém que conviveu, serviu e ao mesmo tempo compartilhou a rotina de oito presidentes do país mais poderoso do mundo.

Ao me despedir, olhei pelo retrovisor lateral aquele senhor na porta de sua casa. Fiquei imaginando o que mais ele tria ouvido. Ali estava a história viva, guardada na memória de Eugene Allen.

Esse texto é uma ficção, baseada em eventos reais. Qualquer coincidência com fatos verdadeiros poderá não ser mera coincidência