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Em 1997 o 1º Fórum Mundial de Ufologia reuniu em Brasília mais de 60 ufólogos de todo o mundo para debater e trocar experiências sobre o fenômeno ufológico.

Vou publicar uma série de artigos publicados na Revista UFO Especial sobre as palestras desses ufólogos. Aproveitem!

 Os casos de abdução, ou seqüestro, constituem os mais interessantes repertórios dentro dos encontros com UFOs pela abundância de dados testemunhais altamente estranhos. É esta classe de informações que durante muito tempo permitiu supor que iriam nos levar aos argumentos confirmatórios da procedência extraterrestre do fenômeno. Em troca, na medida em que nos aprofundamos no mistério, deixa-se entrever quão complexo resulta o tema das abduções. Mostrando inocultável interesse pela espécie humana, os seres descritos se apoderam impunemente da pessoa, reduzindo-a fisicamente ou à forma volitante, para conduzi-la a outro local, onde é retida e submetida a vários exames físicos.

Curiosamente, os investigadores de UFOs adotaram o termo “síndrome de abdução pós-traumática” para referir-se a um conjunto de sinais e sintomas de causa desconhecida ou indeterminada, que costumam observar naquelas pessoas que asseguram ter sido vítimas de um seqüestro por parte de presumidas entidades alienígenas. Ou seja, como conseqüência do encontro, é produzida uma situação traumática, podendo estar acompanhada de manifestações somáticas.

Sem dúvida, deveria ser considerada a possibilidade de que o próprio testemunho ufológico pudesse ser parte de uma fantasia de natureza inconsciente de um acontecimento anterior que desencadeia relatos de abdução. Em síntese, o episódio traumático se situaria em uma instância prévia, muitas vezes arcaica, sendo o relato do abduzido um intento de simbolizar uma via que encontra o inconsciente para a representação e resolução do trauma.

Um dos recursos mediante o qual se pretende dar status de realidade a ditos relatos é o emprego da hipnose, sob o pressuposto de que os testemunhos guardam recordações de sua experiência que foram cancelados da sua memória consciente. Não vamos nos estender sobre o assunto, mas é preciso fornecer alguns detalhes.

As declarações efetuadas sob esses estados podem revelar a verdade concebida pelo sujeito, o que nem sempre coincide com os acontecimentos narrados. Precisamente, um dos instrumentos que estimulam – em qualquer indivíduo – a criação de fantasias oníricas é essa classe de provas. Não é por acaso que confissões ou declarações realizadas sob hipnose não sejam tomadas como válidas nos tribunais de justiça, como tampouco as que se produzem estimuladas por qualquer tipo de droga.

Em suma, o valor desses procedimentos tem sido muito questionado, pois se admite que em estado de sono, inconsciência ou semi-inconsciência não há garantias de que o exposto pelo sujeito seja real, sendo freqüente que se trate de um delírio de sonho, no qual o indivíduo fala daquilo que deseja ou teme que tenha acontecido, mais do que na realidade ocorreu. O tema das abduções e o emprego das “regressões hipnóticas” começaram a propagar-se em níveis populares por volta de 1966, quando se publicou o famoso incidente norte-americano protagonizado em 1961 por Barney e Betty Hill, e de Antonio Villas Boas, ocorrido em 1957 no Brasil, cujos pormenores se difundiram anos depois.

Eles haviam servido de clichês para outras histórias, representando variações de grau ou tom a respeito desses relatos. E junto às experiências (ou precedendo-as) somaram-se as regressões hipnóticas sob o suposto de que as testemunhas guardavam na sua memória algo que somente podia ser revelado em sessões. Claro que sobre o caso narrado pelos Hill, não parece haver tomado conta de que para o doutor Benjamin Simon, que tratou sob hipnose o casal, o episódio havia sido uma fantasia elaborada por Betty e transmitida a Barney. Em data mais recente, o investigador Martin Kottmeyer avançou por esta pista e descobriu que as raízes da história narrada – supomos de forma de restos diurnos – foram encontradas na consagrada série de televisão The Outer Limits (Rumo ao desconhecido).

Pelo exposto, é factível pensar que a angústia emergente da situação vital que afetava o casal, levando-o a pedir assistência psicoterapêutica, podia ligar-se a uma representação imaginária. Nela parecem recriar-se de forma mascarada problemas e conflitos subjacentes, com a aparência de um seqüestro e exame por extraterrestres. Justamente a possibilidade de desenvolver ou incrementar essa novela sob tratamento que permitiu que se produzisse tal ligação, atenuando assim a pressão e incerteza que os levou à consulta.

No extenso histórico analisado de casos referentes a encontros e seqüestros por parte de alienígenas, podemos encontrar freqüentemente o que poderíamos chamar de percepções interiores de coisas projetadas ao exterior. Narrações extraterrestres daquilo que na realidade é intra-humano. E como é sabido que os UFOs, além de serem vistos, são “sonhados”, os mesmos irrompem então como parte de algo fora do fenômeno e até da estrutura do tema. Esses relatos são de singular importância, pois, pela estranheza de seu conteúdo, os mesmos costumam responder a idênticos mecanismos do sonho, e a outras produções que têm sua origem no inconsciente.

Há episódios com um alto conteúdo simbólico que, evidentemente, guardam uma estreita relação com a vida das testemunhas e seu redor. Histórias tomadas dos núcleos profundos da psique e do contexto vital mais próximo, mas por sua vez, muito afastadas no tempo. Não obstante, sabemos que muitos dos abduzidos agem de boa fé, pois viveram realmente suas experiências de forma aterradora. Seus relatos não tratam de simples avistamento anacrônico (afinal de contas, quem não viu alguma vez algo raro no céu), senão que há neles um forte compromisso afetivo e um notório protagonismo, próprios do herói em virtude de suas façanhas.

A casuística abunda nesse tipo de narração fantástica, dando forma a um rico anedotário. As semelhanças entre as abduções e outras experiências extraordinárias como as da proximidade da morte, as extra corpóreas, as psicodélicas ou as xamânicas têm em comum a psique humana. Com efeito, existe nas abduções uma dimensão psíquica marcante que é vivida em muitos casos como essencial. Igual aos que tiveram essas experiências, sentem que suas vidas mudaram profundamente e que nada voltará a ser como antes.

Apesar das diferenças formais, essas experiências têm em comum – diz Kenneth Ring – o fato de consistirem-se em viagens arquetípicas de iniciação, fazendo-nos suspeitar de que são manifestações distintas do mesmo universo e, portanto, sendas alternativas ao mesmo tipo de transformação psicoespiritual. Em todo caso, é revelador considerar as abduções desde um ponto de vista simbólico. Examinando esses informes, é possível achar uma estrutura seguida de uma transfiguração na vida de seu protagonista, adotando a representação de morte e ressurreição sucessivamente.

Deste modo, as abduções são vistas como uma espécie de sonho extraordinário, cujos símbolos aludem a uma transformação, como energias criativas capazes de mudar a realidade. No conto tradicional chamado “Aventura do Herói” se reitera o esquema de uma proibição, uma transgressão e uma aventura cumprida felizmente pelo herói [o mito do herói, segando Paul Radin, representa nossos esforços para resolver o problema do crescimento, ajudados pela ilusão de uma ficção eterna], protagonista de uma epopéia ou algum feito traumático.

O périplo mítico tende à restauração de uma ordem, é circular, volta ao começo. Mas é uma volta que se enriqueceu com o mal, pelo inferno ou pelo perigo. O herói muda de estado, o qual se transmuta com a aquisição de um novo nome ou uma nova categoria. Se passarmos a analisar os relatos de abdução, encontraremo-nos em alguns casos com figuras de transformação, de grandes mudanças. Transformação que corresponde à passagem de um estado para outro. Pois o homem não nasce já realizado, ele deve cumprir um esforço, atendendo à sua evolução pessoal para deixar para trás seu ser aparente e revelar seu ser profundo. Daí que os ritos de iniciação se referem sempre a mudanças de consciência. Ritos de passagem que adotam, em conseqüência, a representação da morte e o novo nascimento, retroagindo-se no mais profundo nível da original identidade mãe-filho. O conteúdo dos relatos gira em torno da aventura do herói ou tema da iniciação.

Em Carl Jung essa “aventura” se revela como um processo de consciência, que denomina caminho da individualização. Seguindo Jung e Freud, o psicoanalista J. Campbell estuda o mito do herói e oferece o seguinte esquema: separação, cruzamento do umbral, iniciação e retorno. O herói recorre a um périplo que comporta a separação da circunstância habitual, ou seja, uma separação que atravessa um umbral, cruza a outro mundo onde recebe a iniciação, e logo volta, vive o retorno ao lar, trazendo consigo um conhecimento. Mas quando retorna, é ele mesmo e é “outro”.

Curiosamente, os investigadores de UFOs adotaram o termo “síndrome de abdução pós-traumática” para referir-se a um conjunto de sinais e sintomas de causa desconhecida ou indeterminada, que costumam observar naquelas pessoas que asseguram ter sido vítimas de um seqüestro por parte de presumidas entidades alienígenas.

Há um cativeiro, um sofrimento e logo o triunfo. É sempre a saída do tempo e do espaço, a “estadia” em um lugar que pode ser entendido como maravilhoso e, por sua vez, um lugar de perigo. É o contato com o mais além, com o proibido. Cumpre-se o “cruzamento do umbral” com suas instâncias de separação, iniciação e retorno. Ao aparecer, o mito do herói adquire um significado psicológico individual como uma tentativa de descobrir e afirmar a personalidade, para buscar a autonomia relativa às condições originárias da totalidade. Sem dúvida, o mito não assegura essa passagem, essa separação, e sim apresenta ao sujeito o modo de lograr a liberação para que o ego possa alcançar a consciência.

Também não adota sempre uma modalidade romântica, poética e feliz. A tentativa do atravessamento do umbral pode manifestar-se de uma forma patogênica (que diz respeito ao desenvolvimento de uma enfermidade); ou então de um modo positivo, espiritual e superador. Em outras palavras, pode tratar-se de um ser que, vivendo dramaticamente a angústia ou padecimento subjetivo, termine fundindo-se no nada, no vazio, ou que abra caminho através dele, em cujo caso se produza a superação da angústia, mediante o crescimento do espírito. Como diria S. Kierkegaard, desenvolva a riqueza da intensidade vivida em estado religioso. Esse passo de um nível para outro se reitera em múltiplas formas. Nas versões ufológicas, os protagonistas humanos são transportados a uma nave fazendo alusão a seu domínio de vôo, familiar à linguagem xamânica. O envio e a partida vinculados à busca são constantes. Reconhece-se o mito como outro modelo de apreensão e ordenação da realidade.

Não obstante, essa leitura simbólica conotativa permite-nos passar a uma consideração psicológica, reveladora de aspectos de grande importância. Nosso propósito inicial se havia orientado, como resultado do trabalho clínico, até a investigação dos fatos que aconteciam diante do incremento das ansiedades paranóicas e das vicissitudes regressivas conseqüentes. Corroborar as observações levou-nos a afirmar a existência de uma situação regressiva constante com a aparição dos mecanismos inerentes à situação fetal (regressão a mecanismos pré-natais).

Isso ocorre toda vez que uma intensa situação de perseguição força o eu ao abandono da relação com a exterioridade e o impulsiona ao refúgio inicial da vida intrauterina. As técnicas para induzir a regressão fetal, a fim de provocar o incremento intenso da fantasia às custas de um maior bloqueio com o mundo exterior, consistem na exacerbação das ansiedades paranóicas por métodos frustrantes ou agressivos, tais como: jejuns, abstinência, isolamentos e intoxicações (através do emprego de certas substâncias, como a mescalina, o ácido lisérgico etc).

Esses procedimentos puseram em evidência sua capacidade para induzir uma profunda ação regressiva aos níveis fetais com notável intensidade, involucrando sensações corporais e fantasias. Em 1975 estendemos nossa investigação ao campo dos “não identificados”, e elaboramos uma hipótese referente à natureza psicológica da abdução. O estudo de numerosas informações corroborariam os achados, observando em grande número que tais narrações nos remetem a cenários perinatais (pré a pós natais). Isto é, em torno do momento do nascimento ou do desprendimento da criança do corpo materno.

Sem recorrer a uma arbitrária simbólica universal, e sim à análise do sujeito atendendo ao seu histórico e ao relato ufológico que produz, achamos entre ambos aspectos um estreito vínculo. E em suas narrações encontramos elementos que correspondem à representação do útero materno, onde se aloja o novo ser que está para nascer, inferindo em que se trata de um modo de dar cena à angústia que emerge naqueles testemunhos – eixo central desses relatos.

Logo depois de dois anos, Alvin Lawson começa a interessar-se por um estudo sobre hipnose de certos casos de abdução e, tempos mais tarde, adverte sobre o paralelismo entre os raptos ufológicos e o chamado “trauma natal”. Convém assinalar que, para Otto Rank, o nascimento não somente significava um verdadeiro trauma para o ser, como também produzia o primeiro e mais importante estado de angústia na história do indivíduo, modelo de toda a angústia posterior, ou seja, a que há de reproduzir, de certa forma, a situação do nascimento.

De modo geral, pode-se dizer que o nascimento – como recriação imaginária – constitui-se em um modelo, protótipo da angústia primogênita, na separação do corpo materno, como efeito do com plexo de castração ou ruptura de um laço imaginário. Precisamente, esse estado de angústia primogênita remete a uma falta, a uma separação, e provem de uma situação traumática cuja exteriorização do condito subjacente são os relatos do gênero ufológico. De fato, o regresso à angústia do nascimento está fora de toda a polêmica.

E é ali onde a experiência perinatal (isto é: antes, durante e depois do nascimento) se abre na polaridade fusão e separação (do eu e do objeto), união e desunião. Numerosas histórias de abdução contêm essa problemática, encoberta, camuflada em um relato ufológico que parece fazer “reviver” essa experiência natal, sem poder despojar-se desse sentimento (em uma forma arcaica de aniquilamento) e do dualismo abdução-adução, ou igualmente união e desunião.

A primeira (retenção ou abdução) se vincula, segundo o modelo psicoanalítico, com as prolofantasias [as chamadas formações fantasiadas, ou prolofantasias (cenário original, castração, sedução e vida intra-uterina), encontram-se de um modo muito geral nos seres humanos sem que possam referir-se sempre a cenas vividas realmente pelo indivíduo. Freud utilizou o nome de “cenas”. E, desde um princípio, destacou os parâmetros típicos e em número limitado] ou fantasias originárias. Expressamente, com a denominada vida intrauterina, também conhecida como experiência oceânica. Lugar de gozo e completação no corpo materno.

A segunda (separação ou adução), em troca, conduz-nos à angústia primária ou traumática do “real angust” (angústia real), e que se relaciona com a castração. Para o pensamento mítico, antropológico, essa castração ou separação corresponde à passagem de um estado para outro e adota as formas de uma transfiguração, com seu posterior correlato nos processos de consciência.Tais fantasias originárias são estruturas universais que a psicanálise reconhece como organizadoras do psiquismo, que possuem um caráter comum: todas elas se referem às origens e têm uma importante relação com a vida sexual e com os sintomas reveladores de processos de fundo. Essas fantasias – que consistem em dar forma sensível ou reproduzir com imagens as coisas passadas – são, antes de tudo, os sonhos diurnos, cenários, episódios, novelas, ficções que o sujeito forja e narra a si mesmo. Assim como os mitos coletivos (por quanto remetem às origens), tentam aportar uma representação e uma solução dramatizada que, para o sujeito, aparecem como um grande enigma, como origem de uma história, o que se apresenta a ele como uma realidade de tal natureza que exige uma explicação.

O fundo do problema parece encontrar-se nas origens, na pré-história do sujeito, em seus estados profundamente regressivos, reatualizados ante uma situação emergente e como uma tentativa de simbolizar algo real. Não há dúvidas de que o relato de uma abdução revela uma experiência traumática. Mas, como toda recordação, o trauma é sempre uma recordação encobridora. A esse respeito, todo perigo – a integridade do eu – tem como protótipo o nascimento. Daí que a angústia reproduzir-se-ia em situações análogas ao nascimento, automaticamente, como reprodução inadequada (a excitação se transforma diretamente em angústia, sem ligação). Apareceria como reação geral ao perigo. Para Rank, inclusive, as alterações fisiológicas que se produzem na criatura durante o parto (asfixia transitória, taquicardia, opressão etc) são idênticas aos que acompanham a angústia, podendo inferir-se que esta experiência iria estabelecer a norma que se repetirá na vida ante situações de perigo.

Um perigo de tal magnitude, que o sujeito ficaria em desamparo. Desamparo material frente a um perigo real e psíquico. O trauma se configura deste modo na série: angústia, perigo e desamparo. Uma sensação de desamparo reconhecida, relembrada e esperada, como aparecem em numerosas experiências de abduzidos.

Também existem outras características comuns, como impossibilidade de esquecer, angústia que invade o corpo, sonhos, outras fantasias que repetem o sucedido (às vezes postas no corpo como sintomas somáticos). Tais narrações não se distinguem, no final das contas, de outros episódios menos fantásticos – e não menos interessantes – vistos em clínicas. Inclusive, com bastante freqüência, perto de seu habitat, e muito especialmente, no dormitório.

Não é estranho que ocorra ali, pois é no quarto onde se efetua a atividade de dormir, dos sonhos por excelência, da crítica relação do homem com seu inconsciente. Surgida daquela tarefa, o estudo de um conjunto de informações sobre abduções nos permitiu estabelecer uma singular relação com o momento do nascimento. Sem dúvida, não se trataria de uma recordação real, da imagem do momento primordial que aparece mascarado, e sim de uma representação que vem constituir-se em modelo ou protótipo da angústia primogênita.

Essa volta à origem confronta o homem com seus mitos, descobrindo no mergulho regressivo uma estrutura mítica comum, por quanto se interroga peio nascimento. Recordação ou recriação imaginária, sem dúvida o nascimento é uma das instâncias mais dramáticas de todo indivíduo. Plenitude, vazio, o nada. Angústia e gozo. Êxtase místico, consciência cósmica ou transcendental, estado modificado de consciência. Experiência oceânica. Ante-sala, ventre materno, rito de iniciação, de passagem, que deixará sua marca. A natureza mutante do fenômeno torna improvável formular um modelo que ofereça uma descrição única sobre todas as causas e motivações que se ocultam atrás de informes de abdução, sendo procedente um estudo específico, caso a caso. Não obstante, resulta plausível admitir – à vista dos estudos – a existência de um conjunto importante de informações cujo exame ousa a certa e significativa adequação do modelo proposto.

Longe de desdenhar os casos de abdução, propiciamos desde uma visão humanística continuar pujantemente com seu estudo. Estamos persuadidos de que esses relatos fabulosos, sobreimpressos à existência real e concreta, oferecem-nos um a oportunidade excepcional para compreender a vasta realidade humana. Tomados como símbolos, falam-nos da interioridade do homem, de sua capacidade criadora, de seu nascimento e renascimento, de seu sentido de fundo religioso (permitindo intuir algo superior que toque o mistério cósmico).

Verdade ou fantasia, a polêmica continua. Talvez isso nem seja importante diante do significado que eles encerram. Significado que adquire valor quando conduz o homem a voltar a olhar para si mesmo e – como mito vivo que é – a propor um caminho de transformação psico-espiritual. Algo nos é comunicado a respeito desse universo maravilhoso que é a mente humana: da imperiosa necessidade por transcender, de achar uma resposta sobre as origens. Estão aqui as perguntas fundamentais da filosofia. A aparição desses fenômenos, cuja referência comum é o céu e a luz, fiel a uma intencionalidade de inocultável sentido cósmico e sagrado, suscita no homem uma série de interrogativas. A resposta a essa interrogativa é conhecer. Mas conhecer é também nascer, “nascer-com”. E em todo novo conhecimento, o homem nasce e renasce a toda Humanidade.

Roberto Banchs é argentino. Doutor em Psicologia, Banchs é um dos mais competentes estudiosos de seu país. Fundador, em 1971, do Centro de Estudios de Fenómenos Aéreos Inusuales (CEFAI), defende um posicionamento de ceticismo reflexivo quanto à maioria dos fenômenos da Ufologia Mundial. Representante da Revista UFO em seu país, seus livros sobre o assunto fazem uma análise do aspecto comportamental gerado a partir da incidência ufológica sobre culturas específicas. Ovnis, Peregrinos del Silencio, por exemplo, analisa a mudança dos hábitos de pessoas envolvidas com UFOs. Já Fenómenos Inusuales, seu mais recente livro, é a primeira obra editorial universitária em seu país dedicada a estudar a casuística ufológica de contatos alienígenas na Argentina.